domingo, fevereiro 05, 2012

Praia do Forte

Praia do Forte, Bahia - Brasil

Não, não é uma paisagem "impressionista" da época de Monet. É uma foto impressionante da Praia do Forte onde aparece o farol Garcia d´Ávila (1971) que fotografei e tratei em homenagem a ele. Provavelmente se Monet tivesse conhecido este lugar, hoje apreciaríamos uma obra assim assinada por ele.

Outra obra seria o bambuzal na saída do aeroporto Deputado Luiz Eduardo Magalhães. Quando você espera encontrar coqueiros, dá de encontro com bambús ! Tudo bem, você está na Bahia. Tombado como patrimônio histórico natural da cidade de Salvador é um cartão postal inesperado.

No caminho para o centro da cidade uma parada para comer uma moqueca de peixe. Os primeiros sinais do espirito brincalhão e alegre do baiano (100% NEGÃO). Pelo menos deste. Mas vamos deixar logo a cidade para ir ao nosso destino. São 57 km de Salvador no litoral norte, divisa da Estrada do Côco e a Linha Verde para chegar a Praia do Forte.

Sede do Projeto TAMAR . Em junho de 1981, quando os pesquisadores do Tamar chegaram aqui, Praia do Forte era uma pequena vila com 500 moradores, sem luz elétrica, onde se chegava atravessando de balsa o rio Pojuca. A convivência com os moradores foi fundamental. A relação com a comunidade foi nascendo aos poucos, trocando ovo de galinha por ovo de tartaruga, premiando quem avisasse sobre uma tartaruga desovando e participando da realidade local.

O cavalo foi substituído por um jeep de segunda mão doado e a casa emprestada virou alojamento. Com melhor estrutura de trabalho, dedicação e conscientização dos moradores e veranistas, a base de pesquisa e o Centro de Visitantes foram se consolidando. Em duas décadas, a vila se transformou em pólo turístico nacional e internacional e o Centro de Visitantes chega a receber duas mil pessoas por dia.

Durante a temporada reprodutiva das tartarugas marinhas, é possível acompanhar o manejo dos ninhos, nas praias. Aqui também se aprende sobre as atividades de proteção e manejo. Como acontece nos ninhos naturais, no cercado os filhotes nascem quase sempre à noite e os filhotes se dirigem ao mar imediatamente. No dia seguinte, os ninhos onde os ovos eclodiram são abertos para estudo – e nesse momento ainda se encontram muitos filhotes que não conseguiram alcançar a superfície e sair do ninho durante à noite.

Após a implamtação da Área de Proteção Ambiental a vila ganhou interesse turistico e vieram as grandes redes hoteleiras fazendo da Praia do Forte um dos principais pontos de visitação no Brasil. Nada como um hotelzinho básico. Boas instalações, uma piscininha, comida e bebida a vontade e muitos coqueiros na beira da praia. O mínimo para dar uma "arejada".

Na recepção os orixás dando as boas vindas. Na esquerda OXALÁ, Deus purificador e divindade da criação (sincretismo Senhor do Bonfim) e na direita YEMANJÁ Divindade do mar e das águas doces (sincretismo Nossa Senhora da Conceição) do escultor Tatti Moreno. Ah, sincretismo quer dizer : Fusão de elementos culturais diferentes, ou até antagônicos, em um só elemento, continuando perceptíveis alguns traços originários.

Ver o sol nascer é obrigatório, pois ele nasce as 4:58 hras. A combinação de cores é impressionante. Alguns acham que é perder algumas horas de sono, mas vale a pena vê-lo nascer. É um momento mágico, formado de luz e sombra alterando as cores a cada segundo. Inspiração de muitos pintores inclusive Monet que deu origem ao impressionismo com um dos seus primeiros quadros "Impressão, ao nascer do sol", uma paisagem do Havre (comuna francesa da Alta-Normandia).

Caminhar na areia ao nascer do sol . Felizes aqueles que conseguem acordar antes para viver este momento.  

Área de preservação Ambiental, com plantio de coqueiros faz uma paisagem fantastica. Caminhar entre eles também é um programa a ser feito. A faixa entre a estrada e a praia foi totalmente plantada com coqueiros mudando as conhecidas caracteristicas da mata Atlântica para uma verdadeira Polinésia. 

Olhar esta cena transmite uma paz, tranquilidade... Mas é difícil fazer isto. Ficar deitado olhando para o mar, tomando uma água de côco sem carros passando a sua frente, sem asfalto quente, vendedores ambulantes, sem barulho, sem vizinho sacudindo a toalha e jogando areia, sem , sem, sem .... Deu para imaginar?  Pois é ! É bom mas é muito dificil desligar do que estamos acostumados a enfrentar na maioria das praias do sul, sudeste. Acho que precisamos exercitar mais isto para realmente limpar a mente e esquecer que existe shopping, desfile na avenida, roupa da moda, som no carro...

 Não gosta de areia ? Tudo bem, aqui dá para esquecer de qualquer coisa chata.

 A noite, tomar um aperitivo na sala da charutaria faz reviver muitas lembranças. Apesar de não fumar já me aventurei a acompanhar os que apreciam um bom charuto. Para se degustar um charuto é preciso de companhia, apesar de alguns fumarem sozinhos, porque precisamos de tempo suficiente, tranquilidade e um ambiente apropriado. Não fume se não estiver nestas condições. Procure quem sabe tudo, pois é um ritual.

Antes de fumar, peça orientação para quem sabe. É uma arte e tem um vocabulário desconhecido pelos leigos. Certa vez, no final de 2010 saimos para encontrar nosso amigo Felipe para tomar um vinho. No caminho ele pediu que pegássemos uns charutos na casa dele e levar. Tudo bem, dito e feito. Chegamos atrasados e começamos imediatamente a beber o vinho e fumar os charutos. Sem entender nada, tirei o papel que envolve o charuto, enfiei um palito na cabeça, parte menor acima da "anilha" (anel de papel geralmente com a marca do fabricante) e acendi-o. Já era tarde e sem saber não cortei as pontas e comecei a fazer fumaça. Não queria tragar e isto não se faz com charutos, pois como não fumo achei que tudo bem, não teria importância se assim fosse. Diferente dos cigarros só se deve tirar a cinza da ponta ao perceber que ela está já toda queimada ou se soltando e aí mais um erro, ficar vendo a braza na ponta. Rápido demais, para assim ver a brasa puxava várias vezes seguidas, e então comecei a respirar muita fumaça. Sem estar acostumado e somada ao vinho comecei a passar mal. Tudo rodava, a boca amargou, o estômago embrulhou e mais do que ligeiro corri para o banheiro. Que vergonha. Não aconteceu nada, só fiquei redondamente tonto, enjoado e amargado ! Desde então fico resistente  até de olhar para ele !!!

Este não é nenhum habano, não veio da Vuelta Abajo, região cubana onde crescem os melhores tabacos do mundo. Não é um Montecristo, Bolivar ou Vegas Robaina, alguns dos melhores produtores de charutos C. É  um Dom Francisco, Toscanino, de capa Mata Fina Sumatra Cubanito da Coleção Especial para Carlos Augusto Zanicotti,  produzido na Bahia Brasil. Dom Francisco já conquistou fama mundial pelo gosto e aroma. Preseva o processo artesanal e tradicional de cultivo e os charutos são feitos à mão.  Mais um presente dos amigos da Racco.

No hotel é tudo muito diferente da realidade lá fora. Ainda vemos os moradores da vila usarem jegues como meio de transporte. Nada de deitar na cadeira a beira da praia, de ficar na piscina, tomar um drink a noite e longe de fumar uma habana ou um Dom Francisco.

Na vila o comércio de peixe é rústico e movimentado. É um mercado de pescadores que recebe os barcos, separando e pesando os peixes. ali são vendidos diretamente ou levados para as redes hoteleiras da região. Tudo bem, isto faz parte da vida.

Ao mesmo tempo em que vemos estes contrastes tiro o chapéu para aqueles que se sugeitam a fazer o que muitos não querem fazer. O reconhecimento pelo trabalho, por fazer um a mais, por acreditar nas oportunidades que lhes são oferecidas. No hotel acontecia uma noite de gala para premiação e reconhecimento dos campeões do mundo RACCO. A RACCO Cosméticos tem proporcionado a realização de sonhos de milhares de pessoas que acreditam no seu Sistema Racco de Marketing. Uma oportunidade de realização pessoal, material e financeira.

Racco, uma oportunidade de negócio para sua cidade. www.racco.com.br

Então vamos beber em comemoração com meus amigos "jamaicanos" Nei  e Celestino. Um de Passo fundo no Rio Grande do Sul e o outro de Castanhal no Pará. Imagina o que sai misturando isto. Mas não dá para beber muito porque para chegar até a vila no dia seguinte é preciso acordar cedo evitando o sol alto. São 3 km pela praia de areia mole e muitas paradas para fotografar.

Realmente, se pararmos em alguns momentos para percebermos os detalhes das paisagens que passam em nossas vidas, seríamos todos artistas. O que faz de Monet um autor de grandes obras é pintar uma tela construindo todos os detalhes. Para isto é preciso conseguir percebê-los, e ele fazia isto de olho fechado.

Andar por aí, é a pura verdade. Para ver todas as paisagens é preciso andar muito. Normalmente em linha reta; neste caso para todos os lados. Indo e vindo, procurando todos os ângulos. Chegamos ao ponto de subir em coqueiros para ver como é lá de cima. Querem saber como é? Tem subir !!!

Não tenham dúvida que é uma vista especial, que poucos tiveram a possibilidade de ver. É preciso ter atitude, ser ousado, habilidoso... é o preço ! Mas vale a pena.

O pescador. Muitos veem só a bicicleta estacionada na praia ou melhor, veem a praia com uma bicicleta. Pescar nas piscinas é uma forma de sobrevivência de muitos moradores da vila. Ao baixar da maré, muitos peixes ficam presos nas piscinas formadas pelos  arrecifes. São tantas interferências que não vemos que esta foto trata de um pescador.  

 Aqui "o outro pescador" troca o peixe pela morena que passa. Na vila da Praia do Forte muitos barcos modificam a paisagem mas nete flagrante a morena rouba a cena desviando o olhar de quem vê a foto. Olhamos para o barco e o pescador e em seguida tiramos o foco do centro indo  para a morena.

O Instituto Baleia Jubarte está localizado na Praia do Forte e faz o trabalho de monitoramento e conservação das baleias jubarte, que entre os meses de julho a outubro, se encontram em território brasileiro. A Praia do Forte já virou uma área de concentração e reprodução efetiva desses mamíferos. 

A idéia principal dos pintores impressionistas é que, a imagem pareça,  quase que completamente, iluminada pelo sol. Para conseguir este feito, o autor implica à sua tela pinceladas em tons mais claros(áreas iluminadas pelo sol) e tons mais escuros (áreas sombreadas). Eu digo então que esta foto é uma  impressionista. Não assinada mas inspirada em Claude Monet. Sem pretenção de comparar com as obras dele , adoro esta foto. O nome dela ?

Pat.

Andando por ai...