domingo, junho 26, 2011

Florença, Italia.

Andar por aí...é antes de tudo guardar para sempre o que um dia tivemos a oportunidade de ver, admirar e sentir, porque poucos já contemplaram esta vista magnífica, da ponte Vecchia para onde o sol se põe em Florença, Toscana - Italia. Sem dúvida uma, ou melhor, mais uma de muitas imagens que trago como recordação.

 Como dá para ver, a Italia peca com o excesso de informação e quem não conhece o caminho vai mesmo perder um tempo só para ler as placas. Acho que foi um italiano que inventou o GPS depois de ficar horas olhando as placas e se localizando em um mapa.

Foi na Toscana, nos séculos XIV e XVI que nasceu uma das épocas mais fantastica da história, o Humanismo e o Renascentismo inovando a cultura e a arte. Firenze ou Florença capital da Toscana foi um marco com grandes obras de arquitetura, esculturas e pinturas com valores artisticos extraordinários, de grandes gênios como Leonardo da Vinci, Michelangelo, etc. Também famosa por seus grandes vinhos como o Chianti e brunello. Toscana é de uma riqueza natural única. Nela encontramos províncias que são em sua maioria rurais, com grandes extensões de vinhedos, plantações com flores, pomares, entre outros vegetais.

Como exemplo de arquitetura, nada comparado com as pontes estaiadas Otavio Farias de Oliveira em São Paulo SP, a ponte JK em Brasília DF, as pontes metálicas Hercílio Luz em Florianópolis SC, no Brasil e a Golden Gate em São Francisco, California USA. A ponte Vecchio que quer dizer ponte velha, é uma ponte contruida em arco medieval sobre o rio Arno. Mas o que a faz especial é a construção de lojas sobre ela.

Construida em 1345 com projeto de Gaddi, aluno de Giotto ( pintor dos afrescos da Basílica superior de São Francisco em Assis), inicialmente abrigou ferreiros e açougueiros, mas já em 1593 o duque Ferdinando I resolveu expulsar esta turma barulhenta e suja e os substituiu por ourives e joalheiros. Em 1565 foi projetado um corredor exclusivo para os Médici, para que pudessem atravessar a ponte entre o Palácio Pitti (sua residência) e a Galeria de Uffici, então centro administrativo de Florença sem se juntar ao povo, além de dar acesso a uma galeria exclusiva na igreja de Santa Felicitá.


Este corredor, batizado de Corredor Vasariano em homenagem a seu arquiteto, é hoje um museu e pinacoteca, e pode ser visitado com tickets especiais. A ponte continua abrigando joalheiros e também antiquários e é um belo cenário. As vitrines são verdadeiras armadilhas para o bolso. Não tem mulher que resista. Escolher ouro com pedras preciosas deve ser feito com cuidado, pois elas batem os olhos, claro que é em um conjunto de brincos mais uma corrente com pinjente que custa nada menos que 200 mil euros. Não é caro pois são lindas, mas quem vai trazer como recordação, é um souvenir dispensável. 


Na ponte não encontramos só jóias, portas antigas e turistas. Esta senhora é oportunista ao vestir este casaco, colocar o chapeu e um óculos escuro para conseguir um agrado dos generosos turistas. Mas isto tem em todo lugar e lá, achei que ela contribui com o cenario medieval. Só o chapeu não agradou (um pouco fora de moda).

Vá no período da tarde e espere o sol se por. É um espetáculo a parte no outono europeu quando as águas do rio Arno ficam coloridas se misturando com os prédios a sua margem. Não é a toa que Florença é uma cidade romantica, inspiradora de tantas paixoes e depois de curtir este momento nada mais do que ir procurar um bom lugar para um bom jantar. Aproveite para desfrutar de outra qualidade de Florença, unir a arte renascentista com o amor.

 Com o anoitecer as luzes se misturam e a cidade se transforma. os efeitos luminosos dão vida com os efeitos especiais valorizando todos os lugares desde os monumentos arquitetonicos, quanto uma simples "viela" medieval. Aqui vista da torre do Palazzo Vecchio, localizado na Praça da Senhoria (Piazza della Segnoria) com um museo que abriga entre outras, obras de Agnolo Bronzino, Michelangelo Buonarroti e Giorgio Vasari. Sobre a fachada principal encontra-se a Torre de Arnolfo (Torri di Arnolfo), um dos emblemas da cidade .

Uma legal é circular de bicke pela cidade e custa em torno de 14 euros por dia. Sempre tem um poste para prendê-la. Duro será voltar para o hotel depois de tomar um bom vinho da Toscana e comer uma bisteca a Fiorentina.

Antes de chegar a Italia meus interesses eram para os monumentos históricos, as obras de arte como esculturas e pinturas mundialmente famosas como Michelangelo com Davi e Petá, Leonardo da Vinci com a Gioconda Mona Liza, Giotto com O Beijo de Judas, A Lamentação e Julgamento Final, Botticelli com o Nascimento de Venus e muitos outros,  mas quando descobrimos as obras primas dos vinhos e da culinaria italiana diante de uma cantina tipicamente da Toscana vemos que tem mais coisas importantes para se fazer por lá.

O prazer de um bom jantar em companhia dos amigos em uma cantina pode nos fazer definitivamente satisfeitos. Depois de visitar as obras-primas principais da cidade, um bom copo de Chianti pode lhe dar a mesma alegria a visão de uma pintura de Leonardo da Vinci, a bisteca Fiorentina famoso prato que não pode deixar de ser saboreado pode certamente competir com todas as esculturas de Michelangelo e conversa animada com quem nos acompanha pode lhe dar a felicidade interior não menos do que a visão de uma bela paisagem toscana ....

Tudo isto você pode encontrar por indicação do meu amigo Felipe, o restaurante  Fiaschetteria da il Latini na Via dei Palchetti 6/r. (Palazzo Rucellai). Tome o vinho da casa, um Chianti Classico encontrado já nas mesas em garrafas de 2 litros ou a escolher na carta de vinhos. Se preferir dar uma volta até a adega desça a  escada e escolha a seu gosto. Eles tem os melhores vinhos da Toscana.

Com sua longa história, Ruffino é um símbolo vivo da evolução do setor vitivinícola italiano. A sua filosofia baseia-se em dois conceitos básicos: qualidade e expressão do terroir (um gosto particular que resulta da terra onde é cultivado )  uma arte de vinificação que Ruffino tem refinado ao longo das décadas.  Riserva Ducale é um Chianti Clássico a que mantém ao longo do tempo a filosofia produtiva da Família Ruffino: obter sempre a máxima expressão das uvas Sangiovese. Caracteriza-se por elegantes notas de frutas, rosas, tabaco e pimenta. O amadurecimento em tonéis de carvalho por vinte e quatro meses marca o paladar desse clássico toscano.
"La Fontana del Porcellino", uma copia de bronze da obra de Pietro Tacca feita em mármore realiazada em 1612 que hoje se encontra na Galleria degli Uffizi de Firenze. Embora a escultura seja chamada de Porcellino (porquinho em portugues), na verdade ela representa um cinghiale, que è uma especie de porco do mato muito comum aqui na Toscana, um javali propriamente dito.. Existe uma lenda que diz que devemos colocar uma moeda na boca do Porcellino e que devemos faze-la escorregar ate o grade que se encontra abaixo, próximo dos pés. Diz a tradição, que se a moeda cair na grade, o futuro lhe reservara grande fortuna e sorte. Por esse motivo, todos os dias, o Porcellino è rodeado de gente querendo toca-lo fazendo assim seu focinho brilhar. A fontava se encontra dentro do Centro Historico, entre a Piazza della Signoria, a Ponte Vecchio e a Piazza della Repubblica.  A seguir uma série de painéis utilizadas nas obras de restauração da galeria Uffizi (Piazzale degli Uffizi) 
 
A arte está por toda parte. As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o comércio e a diversificação dos produtos de consumo na Europa a partir do século XV. Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, muitos comerciantes europeus fizeram riquezas e acumularam fortunas. Com isso, eles dispunham de condições financeiras para investir na produção artística de escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, etc.
 
Os  governantes europeus e o clero passaram a dar proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais da época. Essa ajuda, conhecida como mecenato, tinha por objetivo fazer com que esses mecenas (governantes e burgueses) se tornassem mais populares entre as populações das regiões onde atuavam. Neste período, era muito comum as famílias nobres encomendarem  pinturas (retratos) e esculturas junto aos artistas.
 
Foi na Península Itálica que o comércio mais se desenvolveu neste período,  dando origem a uma grande quantidade de locais de produção artística. Cidades como, por exemplo,  Veneza, Florença e Gênova tiveram um expressivo movimento artístico e intelectual. Por este motivo, a Itália passou a ser conhecida como o berço do Renascimento.
 
As principais obras de arte se encontram naPiazza della Signoria. Esta é denominada de Fontana de Nettuno, onde o principal personagem foi apelidado de "Il Bianconi" (o Brancão) pela população.

Este é a obra de Michelangelo, Davi. É uma réplica, pois a original desta está em local fechado para preservar como outras, expostas nas Galerias Accademia e degli Uffizi. Davi arrecada alguns milhoes de euros todos os anos com os ingressos pagos pelos visitantes. Sobre o portal principal assenta o frontispício decorativo em mármore, datado de 1528. Ao centro, flanqueado por dois leões, encontra-se o Monograma de Cristo, circundado pela frase "Rex Regum et Dominus Dominantium" (Jesus Cristo, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores).

Perseu, de Cellini decaptando a Medusa exposto na Loggia dei Lanzi em frente a  Piazza della Segnoria. Mas se ficarmos falando das obras de arte de Florença, levaríamos anos para contar obra a obra. Florença não é só arte como comentei anteriormente. É um lugar perfeito para se apreciar também a culinária italiana. Para prepará-las não pode faltar um mercado que tenha todos os ingredientes necessários.

A culinária toscana em geral, e a fiorentina em particular, baseia-se na simplicidade dos ingredientes e na sofisticação do paladar. Comer em Florença é uma viagem dentro da outra. Porém, fuja do Centro histórico para comer em restaurante de calçada. Como qualquer região lotada de turistas, a comida ali é mais cara e tudo que se apresenta é meio padronizado. Vá à cantinas tradicionais como a Il Latini ou dar umas beliscadas em queijos, vinhos e massas no Mercado Central, onde você poderá encontrar restaurantes simples, baratos e com comida deliciosa.

Indo até o Mercato Centrale uma atenção especial para os queijos da Toscana Corsignano e Pegorino, Hummmmmmm!  Para chegar lá somos obrigados a passar pelo Mercato di San Lorenzi  localizado na Piazza di San Lorenzi e por toda a Via Dell Ariento, ponto obrigatório para comprar gravatas e echarpes. Vveja as etiquetas para comprar as italianas e não Made in China. 
Receita : Pasta Verdi com molho Porcini.

(400 g) pappardelle, pasta fresca

(350/500 g) porcini
2 cebolas
(350 g) molho de tomate
salsa
Um dente de alho
As folhas de um ramo de alecrim
Algumas folhas de sálvia
Azeite de oliva
Vinho branco seco
Sal e pimenta
Creme de leite
Requeijão, Ricotta e Parmesão ralado


Não perca os boxes de pastas frescas. O colorido e a variedade traz uma sensação boa somada a vontade de comer que dá, são combinações perfeitas. Por falar em pasta é importante que ao comprar no Brasil, escolha uma italiana ou vá a uma casa especializada em massas frescas. A diferença é brutal. Precisamos fazer com que os fábricantes de massas comessem a produzir aqui com qualidade e parar de empurrar as porcarias que encontramos.

Saindo do mercado pare em todas as soveterias. O sorvete italiano é considerado o melhor do mundo. Se possível repita, prove todos os sabores. Eles tem um paladar diferente dos que estamos acostumados a tomar. Florença é conhecida como a capital do sorvete na itália. Em especial a Gelateria Vivili. Via Isola delle Stinche 7 a uma quadra da Piazza Santa Croce.

Catedral de Santa Maria de Fiore , de arquitetura Gótica renascentista iniciada por Anolfo di Cambio em 1294 e continuada por Giotto até sua morte, passando por vários outros arquitetos até ter sua cúpula terminada em 1436 por Brunelleschi. Sua fachada foi demolida em 1587 permanecendo nua até 1887 onde recebeu esta decoração que permanece até hoje. Detalhe especial para o interior da cúpula com afrescos de Giorgio Vassari e Frederico Zuccari.





O mosaico da porta central, desenhado por Niccolò Barabino, representa Cristo sentado em um trono, simbolizando sua superioridade sobre os demais, o poder de Deus,  entre Maria e São João Batista, com santos florentinos. Em sua obra desenvolve diferentes tonalidades para definir o volume das figuras e usa a variação de intensidade e brilho das cores para sugerir a textura dos elementos. Com essas técnicas consegue efeitos tridimensionais.



As atrações são muitas e precisa de tempo para ver tudo e e conhecer a história. Até o detalhe do revestimento que é todo em mármore colorido trazido de vários lugares  (brancos de Carrara, verdes de Prato, e vermelhos de Siena), em estilo neogótico, com uma volumetria dinâmica e harmoniosa. A Piazza del Duomo divide o espaço com uma série de monumentos como a Catedral de Florença Santa Maria de Fiore,  o Campanário de Giotto (Campanile di Giotto), o Batistério de São João (Battistéri di San Giovanni), Museo dellÓpera del Duomo e muitos outros.

Acredita-se que o Batistério de San Giovanni (São João) é o mais antigo prédio da cidade e é famoso por suas magníficas portas de bronze. Fica também na Piazza dell Duomo em frente a Basílica de Santa Maria del Fiore. Em forma Octgonal singnifica o oitavo dia, a Assenção de Cristo. Simbolizava a vida eterna, que é dada pelo batismo. No interior o espetáculo é olhar os mosaicos no teto executado por vários artistas de Veneza em 1225 e representa o Julgamento Final.




Ghiberti tornou-se então uma celebridade e o artista máximo em seu campo. Em 1425 recebeu uma segunda encomenda: as Portas Leste, que ele executou com a ajuda de Michelozzo e Benozzo Gozzoli. São dez painéis com cenas do Velho Testamento e que utilizaram a nova técnica da perspectiva para que os painéis adquirissem profundidade. Michelangelo se referiu a essas portas como As Portas do Paraíso, nome que permanece até hoje. As portas agora no Batistério são cópias das originais que foram removidas em 1990 porque estavam entrando em estado de deterioração. As portas originais estão no Museo dell'Opera del Duomo, preservadas em contêiners cheios de nitrogênio.

As portas agora no Batistério são cópias das originais que foram removidas em 1990 porque estavam entrando em estado de deterioração. As portas originais estão no Museo dell'Opera del Duomo, preservadas em contêiners cheios de nitrogênio.



Hora de caminhar, prestando a atenção em todos os detalhes. olhar para todos os lados, para o chão e para cima é fundamental. São obras de épocas diferentes que se misturam dando um toque especial em Florença.
 
Andando por aí... em Florença, conheci muitos livros de história sem precisar lê-los e digo que sobraram centenas para conhecer ainda. É uma cidade rica em acontecimentos traduzidos em obras de artes, na arquitetura, escultura, pintura e literatura transformam a cidade em uma verdadeira enciclopédia natural ou a ceu aberto como dizem. Como exemplo da riquesa da cidade, Dante Alighieri, autor da "Divina Comédia", que é um marco da literatura universal, descreve a cidade de Florença em muitas passagens, assim como alguns de seus contemporâneos florentinos célebres, que também são personagens da obra.



Leia antes de ir a Florença.



Na sua obra, Dante Aleghieri separa em Inferno, Purgatório e Paraiso a "Divina Comédia". para mim Florença  se traduz nos primeiros versos do Paraiso, Canto I :

  La gloria di colui che tutto move

per l'universo penetra, e risplende
in una parte più e meno altrove.

Nel ciel che più de la sua luce prende
fu' io, e vidi cose che ridire
né sa né può chi di là sù discende;

perché appressando sé al suo disire
nostro intelletto si profonda tanto,
che dietro la memoria non può ire.

Veramente quant'io del regno santo
ne la mia mente potei far tesoro,
sarà ora materia del mio canto.

 A glória Daquele que tudo move penetra por todo o Universo, que a reflete mais em algumas partes, e menos em outras. Eu estive no Céu onde a Sua luz é mais intensa, e vi coisas que homem algum, de lá retornado, seria capaz de relatar. Pois quando nossa mente se perde nas profundezas do nosso desejo, a memória não tem poder para segui-la. Mas, tudo que, do Reino Santo, consegui guardar na minha mente, será agora matéria do meu canto.



andando por aí